sábado, 3 de setembro de 2011

A prosa

Ah! Como é bom tirar uma prosa. Conversar com os amigos, trocar ideias, ficar sentado no estilo cidade do interior, na varanda, naquela cadeirinha de madeira reclinada, conversando com aquela pessoa que você acha legal. É muito bom, principalmente, nos dias de sexta, sábado ou domingo. São os melhores dias, disparado, para fazer isso. Passa-se o tempo e ainda por cima faz-se novas amizades.

Melhor ainda quando se conversa com aquela pessoa do seu trabalho. Os dias da semana são tão puxados, às vezes, que não se conversa direito com a pessoa. Aquele sujeito que sempre está ali, disposta a ficar horas dialogando, sem ao menos se queixar. É como cidadezinhas do interior de Minas Gerais, mesmo. Todos se conhecem. Todos são “Seu” algo ou “Dona” algo. É sem dúvida muito gostoso.

Sabe-se que este momento é apenas para as horas de lazer. Poucos se atrevem a fazer isto em serviço. Primeiro, para não se prejudicarem. Segundo, para que não haja mal-entendido. Entretanto, parece que um jogador de basquete do Brasil, o ótimo Thiago Splitter, resolveu trocar um “lero” com seu parceiro de NBA, em pleno jogo de pré-olímpico de basquete, que acontece na Argentina. O Brasil não participa das Olimpíadas há anos e os jogadores querem voltar a disputar, mas Splitter não ficou muito preocupado quanto a isso.

Em pleno jogo contra a República Dominicana, o pivô brasileiro se esquece do jogo e começa a conversar com Al Horford, simplesmente o melhor jogador da seleção adversária: – E aí, Al. Como vai? – Cara... vou bem, mas preciso levar minha seleção para as Olimpíadas. – Nem fala. Também tenho. Estamos na pior. – Pois é. Por isso vou fazer estes dois pontos aqui, pra aumentar nossa vantagem contra vocês. – Rá rá! Não deixarei! – Mas você sequer está me marcando. – Ora, Al. Eu sou displicente. Não preciso te marcar. Arremesse e eu duvido que acertes. – Ok. Lá vai.

E lá se foi a bola arremessada pelo forte ala dominicano. Como de costume, do seu local preferido para arremessar, Horford acerta a cesta de forma certeira. Splitter não esboçou qualquer tipo de reação. Não levantou as mãos para tentar bloquear ou atrapalhar o arremesso. Não pressionou. Não ficou de perto marcando. No entanto, trocou uma bela prosa com seu companheiro, Al.

O fim da partida chegou e com ela a desolação, afinal o Brasil perdera. O placar anotava 79 pontos para a República Dominicana e 74 pontos para o Brasil. Em uma noite de mais um jogo ruim da seleção, os comandados do ótimo técnico argentino Rubén Magnano saíram derrotados.

Observação: Um dos princípios básicos do basquete é uma defesa forte, consistente e eficiente. Não se precisa de um ataque feroz e rápido para vencer um jogo, mas sim uma defesa competente. O Brasil saiu derrotado desta vez e, mais uma vez, jogando mal, assim como Venezuela e Canadá, as quais terminou o jogo como o vencedor. Jogando mal e vencendo, já não é das melhores coisas. Jogando mal e perdendo... é hora de colocar a mão na cabeça, conversar menos e agir mais.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quatro anos depois

Só depois de passados alguns meses, quiçá anos, que percebemos certas coisas imperceptíveis no momento em que se vive. O poder da atualidade tem de nos fazer sentir algo, não é o mesmo de quando se passam os meses e você se lembra de tal acontecido. Não se vive o momento, mas sente-se. O que o torna ainda mais singular e de uma complexidade que eu ainda não consegui entender ao máximo. São desses momentos que hoje eu sinto (não vivo) e percebo como o meu coração já foi algo, deveras, duro.

Era fim de tarde, do dia 3 de novembro de 2007, quando recebo a notícia da morte do meu avô. Até então ninguém da minha família (eu disse ninguém) morrera. Foi a minha primeira experiência com esse tipo de sentimento. Na hora, recordo-me de fazer a simples indagação: “Sério?”; e recebi um “Sim”, com uma carga de frieza bastante rudimentar. Como a resposta veio de meu pai (filho do meu avô), fiquei tranquilo e senti as dores dele.

Como sou péssimo em guardar datas, tive que pegar um cartão, que guardo dentro de minha carteira, para lembrar a data do falecimento do grande Sôquim. Infelizmente não vem a data do seu enterro, que não consigo lembrar. No entanto, lembro-me do dia, uma vez que me recordo daquela tarde ensolarada, no cemitério do Santana, com todos os parentes (ou pelo menos a maioria) e conhecidos. Lembro-me de ainda estar namorando e os pais dela também foram prestar suas condolências. Enquanto eu permanecia estático. Nenhum sinal de dor ou culpa. Apenas me senti em mais um compromisso em família.

Recebi alguns abraços de sentimentos, recebi também vários “conte comigo”, mas permaneci ali. Conversando com os primos e com as demais pessoas. Vez ou outra ia ao caixão e dava uma olhada. Lá estava o velho. Deitado em seu leito e já descansando por horas. Bem vestido e com alguns algodões no nariz, que, na hora, não me atrevi a perguntar para que serviam. Apenas observava, voltava para o meu canto e continuava a conversar.

Depois de algumas horas, algumas palavras do padre: “Aqui está este grande homem” – fiquei intrigado... como ele conhecia vô? – era o momento de carregar o pesado caixão. Mais alguns choros, outros chegavam com enfeites, flores, mas já era tempo de levar o velho para o buraco (com todo o respeito).

Estava normal e me coloquei à disposição para ajudar a carregar. Foram os pouco mais de 200 metros mais longos da minha vida. O peso era tamanho que me senti fazendo mais força que os demais. Não reclamei. No fundo (lá no fundo mesmo!) eu queria fazer algo pro meu vô e não queria reclamar. O fim da cerimônia é marcado com alguns jogando terra por cima do velho. Muitos familiares se abstinham de ver a cena. Mas eu fiquei ali, bem de perto, vendo todo o processo.

Um belo dia (belo mesmo), estava eu, minha namorada e sua amiga no shopping. Já era o ano de 2008, mas não me recordo da data ou mês. Fomos ver um filme e comer umas esfihas. Terminado o passeio, fui pagar a conta. Pego minha carteira e, por engano (ou não), quando separo algumas notas, pego o cartão de vô. Fico parado de pé olhando por alguns minutos. Depois de pagar a conta, volto à cadeira e me dou ao luxo de, ali mesmo, numa praça de alimentação, chorar. Chorar como um bebê que acaba de tomar sua primeira palmada. Chorar de não conseguir interromper os sucedidos soluços. Nada me consolava. Foi a tarde em que eu me lembrara de meu vô e a primeira vez que sentia a sua falta. De forma tão particular que, sinceramente, não compreendo.

Hoje, exatamente hoje, primeiro dia do mês de setembro do ano de 2011, (quase quatro anos depois) percebi que não queria sofrer. Eu não sofri com a perda de uma pessoa querida, pois não queria. Não no momento certo. No momento em que me era propício. Meu coração doente se recusou a passar vexame. Saber sofrer, como bem diz Rubem Alves, é uma lição difícil. Desta lição eu levarei pelo resto da vida. Assim como o sorriso do velho no cartão, com os dizeres “Saudades...”, que, pra mim, mais servem como um “Valeu, vô!”.

terça-feira, 10 de maio de 2011

DESVARIO, OU NÃO

É pelo âmbito da moral
E por aspectos das lutas infindáveis
Pelo século passado
E todo seu romântismo desnecessário, mas...
Necessário, acredite.
Hoje é viável
Mas nem tanto
Não mesmo.
Desde que se entenda algo
E entender o algo...
É algo que dificilmente se acontecerá
Por anos brigaram por igualdade
Atualmente briga-se por respeito
E outras coisinhas mais
É certo o que falo?
Claro que não, ou não
Há de se levar em conta toda a complexidade do assunto
E que é deveras alto
Fato é que não entendemos.
Pode-se esforçar
Voltar aos velhos tempos
Voltar com o ramance estampado na cara
Montar um legado em verdades absolutas
No entanto... há de se entender uma opinião
Decerto não dará certo;
ou não!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Primeiro estágio

Grande é poder ter algo pra falar
Grande é ter algo pra tentar
Grande é suportar imprevistos
Grande é descobrir que o que importa é inerente a você
Descobrir a hora de ser
Andar por quilômetros
Sem cansar de perceber
Olhar pro lado e ver o brilho
A fórmula mais interessante
É deveras alto e de glória
Que passe ao outro nível em breve
E que dure o quanto antes!
Grande é saber esperar
Grande é saber a hora de ir
Grande é ter o assunto sob mão

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O NOVO VELHO HOMEM

É como dizem dos telhados

Que se plantem asas e inventem a facilidade

A facilidade não o basta para o ser

Eis que se vive um momento de bravura

Algo que o impeça de fazer

Já não é o bastante

Lá está o homem e seu caráter

No entanto no auge da sua perversidade

Perversidade no âmbito da psicanálise

O seu caráter é um lance

A sua incumbência é privar a sua farsa

Logo se entende a dificuldade

Todavia abismos são feitos para evoluir

E cair! na falácia moral.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Às vezes

Fingir é bom
Às vezes é bom
As vezes que lhe é obrigado
Uma vez fingi ouvir um vil conselheiro
Nestas vezes sempre finja
Inclusive nesta
Pois podemos sentir sozinhos
Posso sentir isto?
Alguém que gosto?
Um qualquer diria sim
Loucos diriam não
Os loucos são qualquer um
Às vezes é preciso ser bobo
Sorrisos sem graça
Nada mais
Encontrar seu conselheiro
Isto é preciso
E mais fácil do que parece
Ninguém precisa disto
Do meu ego surgem complicações
Sei lidar com as incertezas
Ninguém como eu pra saber isso
Há quem queira
Há quem pode
Há quem quero
E no auge da minha mera mente pensante
Quando sinto que tudo fechará
Momento do respirar
Sorrir ajuda
Sem graça e sem querer
Mas ajuda
Ponto
Nada é tão grande quanto isso
Na verdade há coisas maiores
Mas demoro a chegar nos traços
Traços brancos e vermelhos
Normalmente seriam só brancos
Mas a longitude do caminho lhe permite ser bicolor
Atravesso-lhes
E em um dia incomum
No meio de fuzis e escopetas.
Depois de tchau sem despedida
Lá vem o transporte
Mas antes um olhar pro fim da curva
Lá está, em um ponto estratégico
Só observo e penso.
Sinal pra ir
Pronto pra chegar em casa
Durante o caminho ver coisas
Mas ver com nojo
Depois dentro de mim.
É o fim da linha
Às vezes é preciso caminhar
E só caminhar...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Oh Mestre!!!

É ali!

É lá que tem o que eu quero

O que eu quero de momento

Pois já já passa a minha vontade

Oh, Mestre!

Conte-me seus segredos

Dê-me conselhos

És tão superior a mim

Ouvidos aguçados esperam algo de novo

Como de esperado

É triste sair sem resposta

Ou não

Já que eu posso fazer isso

Ah! É aqui!

É aqui que encontro as respostas

Em baixo do meu queixo

Batendo sem parar